"A Lei, na verdade, é antiga, mas a Palavra é nova; a figura é transitória, mas a graça é eterna; o cordeiro é corruptível, mas o Senhor é incorruptível, ele que, imolado como cordeiro, ressuscitou como Deus".
(Fragmento da homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes).
Saúdo com grande alegria e estima a Mesa Diretora, composta pelo estimado diretor, Frei Rodrigo da Silva Santos; pelo ilustre presidente, Gabriel Isac Rodrigues da Silva, e pelo honroso secretário, John Kelson Saraiva Pereira Alves. E, com a mesma alegria, saúdo os digníssimos agremiados, seminaristas e frades que hoje nos agraciam com sua presença.Caríssimos, é sabido que hoje, 5 de abril, celebra-se a Páscoa do Senhor, a Páscoa Cristã e é sobre esse tema que fiquei incumbido de falar-vos nesta noite.
Cristo, na sua majestade, na sua grandeza, fez-se pequeno, pobre e humilde, a ponto de habitar entre nós e viver como um ser humano. Ele veio e pregou a Boa Nova, curou os doentes, libertou as pessoas do mal, e por fim, como prova de amor e por nossa salvação, se entregou à cruz, morreu e ressuscitou para que assim pudéssemos ter a vida eterna. E, por esses motivos, que me motivei a falar da Páscoa do Senhor.
Falar sobre a Páscoa é um pouco complexo para mim, que sou leigo no assunto, mas esforcei-me para tentar compreendê-la. E o conhecimento obtido sobre o tema passarei pra vocês em dois tópicos, a saber: a páscoa judaica e a páscoa cristã.
Por vezes temos o costume de dizer que a Páscoa é o Pessach, da tradição judaica, mas estamos confundindo um pouco as coisas, pois o nome "Páscoa", apesar de ser, a tradução de sua língua original, que é "pessach", veio a ser adaptada para as celebrações da Páscoa Cristã e suscita-nos alguma confusão.
Este nome foi adaptado, por conta dos novos cristãos que também eram descendentes de judeus, tal como aconteceu com Jesus Cristo, sendo esta uma forma de a tradição judaica ser modificada à luz de Cristo.
A páscoa é a celebração judaica que recorda a morte dos primogênitos do Egito e a libertação e êxodo dos israelitas para a terra prometida. O nome deriva da palavra hebraica que significa "a passagem do anjo exterminador, sendo poupadas as habitações dos israelitas, cujas portas haviam sido aspergidas com o sangue do cordeiro pascal" (Ex 12,11-27).
Os judeus celebram este grande evento de sua religião, e o mesmo acabou por fazer a Igreja Católica, a posteriori, e se tornou a maior celebração do catolicismo, a associação da morte e ressurreição de Cristo.
No princípio, a Páscoa do Senhor era celebrada em cada domingo, o "primeiro dia da semana" (At 20,7). É provável que foram os cristãos provenientes do judaísmo e os peregrinos que acorriam a Jerusalém para percorrer os lugares onde Jesus padeceu, morreu e ressuscitou, que começaram a substituir a páscoa judaica pela celebração anual da ressurreição de Jesus. Assim, a partir do século IV, as celebrações do tempo pascal cristão representavam a realização plena da Páscoa e do Pentecostes do Antigo Testamento (Lv 23,4-16).
Podemos distinguir 3 períodos na formação histórica do Ciclo Pascal: a Quaresma, que se inicia na quarta-feira de cinzas e termina com a quinta-feira santa; o tríduo pascal; e o período que se estende até a ascensão do Senhor e pentecostes.
A Quaresma se originou com a preparação daqueles que seriam batizados e daqueles que faziam penitência pública para serem reconciliados, cujos ritos eram acompanhados pela oração de toda a comunidade. A celebração dos sacramentos da Iniciação Cristã, Batismo, Crisma e Eucaristia, faziam parte da festa da Páscoa. Por isso, a conversão a Jesus Cristo e à sua Igreja caracterizam esse tempo quaresmal.
O Tríduo Pascal celebra a essência da nossa fé cristã: anunciar a morte de Jesus Cristo e proclamar sua ressurreição. A partir da páscoa, substituíram-se também outras festas judaicas pelas celebrações da ascensão e de pentecostes, 50 dias após a páscoa.
Enquanto, o pentecostes judaico faz memória da entrega dos dez mandamentos a Moisés sobre o Monte Sinai para formar um só Povo de Deus (Ex 23,14-17; 34,18-23), o pentecostes cristão celebra o envio do Espírito Santo, que grava a lei de Cristo no coração dos discípulos, estabelece uma nova comunidade fraterna e impulsiona a missão evangelizadora.
O Tríduo Pascal nos convida a celebrar a alegria de nossa fé em Jesus ressuscitado. Páscoa é certeza do perdão e de paz, aquela que somente Jesus pode nos dar. Ele venceu o mal e a morte e partilha sua vitória conosco.
A festa da Ascensão nos garante que, por meio de Jesus ressuscitado, nossa natureza humana penetrou definitivamente no seio da divindade, concedendo-nos uma esperança de vida e fé, que vai além da morte. O pentecostes encerra tudo o que Jesus fez por nós e inaugura sua Igreja, como caminho de santificação para todos os seres humanos.
Irmãos caríssimos, Jesus nasceu, foi crucificado, morto e sepultado e agora ressuscitou. Por isso convido a cada um a louvá-lo, exaltá-lo e bendizer o seu santo nome. Faço também o desafio a cada um de vós, de que viva a Páscoa dia a dia, pois Jesus Cristo ressuscitou, aleluia!
Para melhor findar minha prédica, convidarei os agremiados Lucas Moreira de Almeida, Wilian Cesar Vicente e Matheus Rodrigues da Luz, para tocarem e cantarem o canto Deus enviou...
Por Gabriel Luiz Geremia, seminarista do 3º ano.
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