“Se
eu encontrasse aqueles negreiros que me raptaram, e mesmo aqueles que me
torturaram, ajoelhar-me-ia para beijar suas mãos; por que se isto não tivesse
acontecido, eu não seria agora cristã e religiosa.”(Santa Bakita)
Saúdo
com grande estima e alegria nesta noite o diretor frei Alberto Eckel Junior, o
presidente Lucas Moreira Almeida, o secretario Franklin Matheus da Costa e
saúdo também meus colegas Agremiados, o seminaristas Henrique Manuel Mafra Neto
e aos frades (frei Elias Dalarosa, Frei Robson Luiz Escudella.) que aqui se
fazem presente.
Venho-vos
hoje falar de uma santa que me chamou muita atenção por seu grande exemplo de
superação e esperança que é a santa Josefina Margarida Bakhita, ou melhor santa
Bakhita .
Bakhita
nasceu no Sudão, região de Dafur na África, no ano de 1869 e através de suas
poucas informações sabemos que sua aldeia natal é Olgossa, cuja pronúncia é
“algoz”, que em árabe significa “Dunas de Areia”.De família abastada, seu pai
possuía terras, plantações e gado; ele era irmão do chefe da aldeia. Sua
família era composta pelos pais e sete filhos, sendo muito unidos e afeiçoados.
Não
devemos nos esquecer de que, apesar de possuírem terras, gado, etc., viviam num
aldeia onde as cabanas eram de barro com telhado de palha. Todos nas aldeias
estavam sujeitos ao grande perigo que eram os bandos negreiros que raptavam
homens, mulheres e crianças para negociar no mercado de escravos.
No
ano de 1874, sua irmã mais velha foi raptada. A dor dilacerou o coração daquela
família tão unida e feliz.“Bakhita” não foi o nome que recebera dos pais quando
nasceu. No ano de 1876, com mais ou menos 7 anos de idade, foi raptada e
arrancada do seio de sua família. A pequena menina tomada de pavor, foi levada
brutalmente por dois árabes e foram eles que impuseram o nome de “Bakhita”, que
significa: “afortunada”.
A
pequena escrava, depois de um mês de prisão, foi vendida a um mercador de
escravos. Na ânsia de voltar para casa, Bakhita se arma de coragem e tenta
fugir. Porém, foi capturada por um pastor e revendida a outro árabe, homem
feroz e cruel, que, por sua vez, revendeu-a a outro mercador de escravos.
Novamente
ela é vendida a um general turco, cuja esposa era mulher terrivelmente má.
Desejou marcar suas escravas e Bakhita estava entre elas. Chamou então uma
tatuadoura que, com uma navalha, ia marcando os corpos das meninas que se
contorciam de dores, mergulhadas numa poça de sangue. Bakhita recebeu no peito,
no ventre e nos braços 114 cortes de navalha que eram esfregados com sal para
que as marcas ficassem bem abertas. A jovens escravas foram jogadas em uma
cisterna sem tratamento e nenhum
cuidado, durante um mês.
No
ano de 1882, o general turco vendeu Bakhita ao agente consular Calisto Legnani
que seria, para ela, seu anjo bom. Na casa do cônsul, Bakhita conheceu a
serenidade, o afeto e os momentos de alegria, lembranças dos momentos felizes
na casa dos pais.
Em
1885 o sr. Calisto é obrigado a retornar à Itália; Bakhita pede para
acompanhá-lo e obtêm consentimento. E assim partiram em companhia de um amigo,
o sr. Augusto Michieli, a quem o cônsul presentearia em Gênova com a jovem
africana.
Chegando
à Itália com seu “patrão”, o rico comerciante Michieli, foi para vila Zianino
de Mirano Veneto onde Bakhita se tornou babá de Mimina, a filhinha do casal.
Apesar de serem
pessoas boas e honestas, não eram praticantes de religião. Como sempre, Deus tem seus caminhos e acabou colocando no caminho de Bakhita, o administrador dos Michieli, Iluminato Chechini. Iluminato era um homem muito religioso e logo se preocupou com a formação religiosa de Bakhita; e ao dar um crucifixo a ela, disse em seu coração: “Jesus, eu a confio a Ti”.
Quando
os Michieli tiveram de voltar para Suakin, na África, por motivos de negócios,
Bakhita e a pequena Mimina ficaram aos cuidados das Irmãs Canossianas, em
Veneza, e isto graças ao sr. Iluminato.
Bakhita
iniciou o catecumenato (catequese para receber os sacramentos iniciais), no
Instituto das Irmãs. Ao final de nove meses, a sra. Maria Turina voltou à Itália
para buscar sua filhinha Mimina e aquela que considerava sua escrava, pois
retornariam à África.
Naquele
instante, Bakhira já toda apaixonada por Jesus, prestes a receber os
sacramentos, recusa-se a voltar para a África, apesar do afeto que nutria pela
família Michieli e principalmente pela pequena. Sentia em seu coração um desejo
inexplicável de abraçar a fé e vivê-la para sempre.
Apesar
dos apelos e até ameaças da sra. Michieli, nossa jovem africana não cedeu em
sua minima resolução. Bakhita estava livre, na Itália não havia escravidão. Sua
patroa retornou à África com sua filha e Bakhita prosseguiu com sua catequese,
feliz mesmo sabendo que seria a última chance de rever seus familiares na
África.
No
dia 09 de janeiro de 1890, Bakhita é batizada, crismada e recebe a 1° comunhão
das mãos do Patriarca de Veneza, Cardeal Agostini. No batismo recebe o nome de
Josefina Margarida Bakhita. Ela descreveria este dia como mais feliz de sua
vida: sentir-se filha de Deus era-lhe uma emoção inigualável, assim como receber
Jesus na eucaristia era o Céu na Terra.
Bakhita
nutria em seu coração o sublime desejo de se tornar religiosa, uma Irmã
Canossiana. Josefina Bakhita foi aceita na congregação das Filhas da Caridade
Canossianas, servas dos pobres e, depois de três anos de noviciado, no dia 08
de dezembro de 1896 pronunciou os votos de: Castidade Pobreza e Obediência.
Depois
da profissão religiosa, nossa Irmã Bakhita foi transferida para a cidade de
Schio, em outra obra da Congregação, e lá permaneceu por 45 anos, onde passou a
ser conhecida como a “Madre Morena”.
Irmã
Bakhita era atenciosa com todos, sem distinção, desde as crianças do colégio,
seus pais, sacerdotes, com suas irmãs religiosas, etc., sempre levando a todos
palavras de conforto, consolo e amor incondicional a Deus Pai.
Em
todas as funções que exerceu, sempre colocou seu coração doce e sincero na
Igreja, na Sacristia, na portaria ou na cozinha, era tudo para todos, com seu
sorriso de anjo.
Irmã
Bakhita, em sua infância na África, mesmo sem saber nada de Deus, pensava em
seu coração inocente e puro, quando olhava a lua e as estrelas: “Quem será o
patrão de todas estas coisas?”. Oh! Bakhita, Deus já estava te preparando para
Ele!
Bakhita
sonhava com a conversão do povo africano e, no dia de sua profissão religiosa,
rezou: “Ó Senhor, se eu pudesse voar lá longe, entre a minha gente e proclamar
a todos, em voz alta, a tua bondade. Oh! Quantas almas eu poderia conquistar
para Ti! Entre os primeiros, a minha mãe e o meu pai, os meus irmãos, a minha
irmã ainda escrava... e todos, todos os pobres negros da África. Faça, ó Jesus,
que também eles te conheçam e te amem!”.
No
ano de 1947 Bakhita adoeceu, já quase sem forças, em cadeira de rodas, passava
horas em oração, em adoração e contemplação. Era o dia 08 de fevereiro de 1947,
nossa Irmã Morena murmurava: “Como estou contente! Nossa Senhora! Nossa
Senhora!”.
Depois
de algum tempo, em seus últimos momentos, disse: “Vou-me devagarinho para a
eternidade... Vou com duas malas: uma contém os meus pecados; a outra, bem mais
pesada, contém os méritos infinitos de Jesus Cristo. Quando eu comparecer
diante do Tribunal de Deus, cobrirei a minha mala feia com os méritos de Nossa
Senhora. Depois abrirei a outra e apresentarei os méritos de Jesus Cristo.
Direi ao Pai: ‘Agora julgai o que vedes’. Estou segura de que não serei
rejeitada! Então me voltarei para São Pedro e lhe direi: ‘Pode fechar a porta
porque eu fico!”
E
no ano de 1947 às 20 horas, irmã Bakhita entrega sua alma a Deus. O povo em
grande multidão quer dar o último adeus à Madre Morena, sua fama de santidade
se espalhou rapidamente e todos recorriam ao seu túmulo pedindo sua
intercessão.
Em
17 de maio de 1992 foi beatificada e, em 1º de outubro de 2000, foi elevada à
honra dos altares, declarada “Santa” pelo nosso Santo Padre, o Papa João II,
sendo que o milagre que a levou a ser reconhecida como Santa, aconteceu em
Santos, no Brasil.
Usei
como fonte para o meu discurso os sites: santa Bakhita quem foi e sua história.
Santa
Bakhita deve sempre inspirar sentimentos de confiança na Providência, doçura
para com todos e alegria em servir.
Peso-vos que a exemplo de Santa Bakita nunca desanimemos pois as
dificuldades viram mas a força para vencer nos teremos.
Boa
Noite!!
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