13 maio, 2015

Discurso sobre o "Islamismo"

Em um precioso discurso, o presidente do Grêmio Literário Santo Antônio, Gabriel Isac ofereceu aos agremiados uma bela apresentação da fé islâmica e seus fundamentos de paz e respeito -- uma verdade que acaba comprometida pelo fundamentalismo violento de alguns de seus seguidores. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o Islã, esta é uma boa oportunidade.


"O fundamentalismo é sempre uma falsificação das religiões".
(Papa Bento XVI)

Saúdo com grande estima a Mesa Diretora, composta pelo diretor e secretário, a saber: Frei Rodrigo da Silva Santos e John Kelson Saraiva Pereira Alves, respectivamente. E estendo minhas saudações a todos os que se fazem presentes, agremiados, seminaristas e frades.

Meus caros, nosso mundo contemporâneo é constantemente bombardeado de crises e desastres, esses causados por mãos humanas. Tais desastres devido à grande globalização não atingem uma única região, mas sim o mundo inteiro. E uma dessas "chagas mundiais" são os ataques terroristas e assassinatos crueis que, constantemente, aparecem na mídia, realizados por um grupo de radicais da religião islâmica, que formam um conjunto de países denominado Estado Islâmico. Entretanto, o Islã prega esses atos brutais? Meu objetivo, nesta prolação, é justamente responder a este questionamento. Logo, meu tema é a religião islâmica.

Motivei-me a falar sobre este assunto devido ao fato que muitas pessoas ao verem o que a mídia mostra sobre as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico passam a repudiar a religião do Islamismo por acreditarem que a mesma prega tais brutalidades. Todavia, isso é uma visão errônea da religião arábica e quero deixar claro em minha peça que o Islã é uma religião que prega, sobretudo, o amor e respeito ao próximo, não a discórdia e o ódio.

E, para melhor entendimento de minha prédica, dividi-la-ei em dois tópicos, que são:
- a história da religião islâmica;
- o que ela prega.

O islamismo foi fundado no ano de 622, na região da Arábia, atual Arábia Saudita, pelo profeta Maomé. Maomé nasceu órfão, no dia 29 de agosto de 570. Ele foi acolhido por seu avô, um poderoso líder de um clã árabe - os coraxistas, também cuidava da administração do templo sagrado de Caaba, em Meca, construído no tempo de Abraão.

Maomé sempre foi uma pessoa justa e carismática. Era chamado de Alamin, que quer dizer, "homem honesto". Também costumava fazer retiros espirituais nos arredores, sendo que o lugar que mais apreciava para retirar-se era uma gruta chamada Hira, em um pequeno monte da região de Meca, e foi lá que, em 611, durante um desses retiros, que segundo o Corão, o Arcanjo Gabriel apareceu-lhe e pediu para que lesse o conteúdo escrito em um pergaminho de seda. Maomé responde que não sabia ler, então o anjo pede para que repetisse o que ele dissesse. O conteúdo era os ensinamentos de Alá.

Quando Gabriel se retira, adverte-o que irão se encontrar novamente. Assim acontece, e juntando todas as revelações de Alá, através de Gabriel, Maomé compila o Corão, formado por 114 suratas (que funcionam como capítulos), com vários versículos cada (variando de 3 a 286 versículos). Porém, as ideias pregadas por Maomé não foram bem aceitas no começo de sua missão, já que a Arábia daquele tempo possuía várias divindades pagãs. Logo, repudiaram o monoteísmo islâmico e tentaram expulsar e até mesmo matar o profeta. Por tantas perseguições, Maomé foi obrigado a fugir de sua terra, mas nos caminhos por onde passou, realizou inúmeras conversões e reuniu vários seguidores.

Em 630, praticamente toda a Arábia já havia aderido ao Islamismo, inclusive sua cidade natal de onde havia sido expulso, agora volta triunfante. O antigo panteão composto por 360 ídolos é então substituído pela fé islâmica.

E, em junho de 632, sua pregação chega ao fim. O profeta morre aos 63 anos, deixa um califa (sucessor, em árabe) para liderar os islâmicos. Porém, sua pregação e sua fé continuam mais vivas do que nunca e trazem mudanças para o futuro de toda a humanidade.

A base da fé islâmica é o cumprimento dos desejos de Alá que é único e incomparável. A própria palavra "islã" quer dizer "rendição". Assim, os seguidores da religião islâmica devem obedecer às escrituras, orar, glorificar apenas seu Deus, jejuar durante o mês sagrado do ramadã e ser fiel à mensagem que Maomé trouxe.

Os muçulmanos acreditam que as escrituras reveladas a Maomé são a continuação das antigas escrituras, que são os livros sagrados do cristianismo e do judaísmo, que se encontram na Torá e da Bíblia. Por isso, é errado dizer que o Islã não aceita os cristãos e judeus, já que no Corão eles são denominados de "os povos dos livros", por acreditarem nas escrituras anteriores a de Maomé. Inclusive Maomé em seus escritos diz que os judeus ou cristãos foram bons crentes e observadores da justiça e terão seu lugar no paraíso.

Então, por que muitos muçulmanos perseguem e matam judeus e cristãos em nome de Alá? Isso se dá devido ao fundamentalismo que está presente em todas as religiões, inclusive no Islã. Trechos do Corão se não forem interpretados corretamente podem dar a entender que incitam a violência, como na Surata 9,5, que diz: "Uma vez expirados os meses sagrados, matai os idólatras onde quer que os encontreis, apanhai-os, tornai-os prisioneiros e ficai a espreita, mas se eles se convertem, observam a oração e praticam a esmola, deixai-os livres o caminho, pois Deus é indulgente e misericordioso". Muitos interpretam de forma errônea textos como esse, assim como ocorre com o Jihad, que traduzindo para o português significa "guerra santa". No Corão, todo muçulmano deve obter êxito na mesma, contudo, diferente do que muitos pensam, não se trata de uma batalha física contra outras religiões, mas, sim, uma batalha espiritual contra si mesmo, onde se deve vencer seu eu pecador para abraçar completamente o caminho que Alá propõe. Os caminhos do Islã pregam a paz e a obediência, mas o fundamentalismo de uns acabam coagindo muitos a caírem no erro.

A partir de tudo isso, vemos que o espírito de amor e respeito, que são as bases do Islã, jamais pode ser confundido com o ódio e a intolerância. Não vamos julgar a religião de Maomé pelos atos desses deturpadores que se dizem islâmicos e sim pelos seus verdadeiros valores que podem ter muito a nos ensinar. O fundamentalismo é uma mancha negra que está a denegrir a imagem do Islã.

E, para melhor encerrar meu discurso, citarei uma frase do Corão:


"Você ama seu Criador? Então ame primeiro seu próximo".

Tenho dito e muito obrigado!

Fontes: Veja Online e Revista Super.

Por Gabriel Isac Rodrigues da Silva, seminarista do 3º ano.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá, gostei muito do seu post. Sou muçulmana sunita e sim amamos a paz. Porém infelizmente uns erram e assim mancham toda uma comunidade que faz o bem e prega a paz. Pior ainda é que as pessoas buscam ouvir apenas uma voz, se esquecendo que toda história tem dois lados. nathibtigida@hotmail.com

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  3. Olá gostei do seu post. Sou muçulmana, e sei como é difícil. Uma minoria criminosa erra e toda uma comidade que praga o bem e faz a paz termina levando a culpa. Infelizmente a mídia só escuta uma voz, a deles, assim tornando esse circulo vicioso de ódio cada vez maior. Porém as pessoas esquecem que cada história tem dois lados. nathibrigida@gmail.com

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  4. Olá gostei do seu post. Sou muçulmana, e sei como é difícil. Uma minoria criminosa erra e toda uma comidade que praga o bem e faz a paz termina levando a culpa. Infelizmente a mídia só escuta uma voz, a deles, assim tornando esse circulo vicioso de ódio cada vez maior. Porém as pessoas esquecem que cada história tem dois lados. nathibrigida@gmail.com

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