GRÊMIO LITERÁRIO

"Grêmio Literário Santo Antônio, uma acadêmia tão rica que visa a arte da oratória. Seus discursos são as suas jóias preciosas e sua gente são os grandes afamados oradores." (Odirlei Luiz P. Fante)

No dia 03 de março ocorreu no seminário São Francisco de Assis, Ituporanga-SC, a primeira Sessão Solene do Grêmio Literário Santo Antônio. 
 O presidente do Grêmio, Mateus de Oliveira e o Secretário Odirlei Luiz Possa Fante
  transmitiram à assembléia uma síntese sobre a história do grêmio e um breve panorama da Campanha da Fraternidade do ano corrente, cujo o tema é "Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida".
Após o discurso da noite, proferido pelo agremiado Bruno Dias de Deus, seguiram-se as apresentações artísticas feitas pelos presentes.  

Paz e bem!

 Agremiados 2017

O Grêmio Literário Santo Antônio foi fundado no dia 2 de junho de 1928, no Seminário de Rio Negro (Paraná), por Frei Henrique Goland Trindade.

O próprio Frei Henrique explica por que o nome Academia: "uma sociedade com o fim de aperfeiçoar a língua, a literatura, as ciênc
ias ou as artes lembrando as primeiras Academias de Portugal e do Brasil. Tal sociedade será também a nossa Academia, composta dos alunos das três classes superiores, como o fim de cultivar o amor e o gosto pela língua portuguesa e brasileira, oferecendo-lhes também ocasião de falar em público, sendo esse um exercício próprio para nossa missão mais tarde".


No ano de 2017, a Mesa Diretora que coordenará os trabalhos do Grêmio, é composta pelo presidente, Mateus de Oliveira; o secretário, Odirlei Luiz Possa Fante e o diretor, Frei Alberto Eckel Junior.

























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Discurso sobre a Campanha da Fraternidade 2017


“A pele deles é parda e um pouco avermelhada. Têm rostos e narizes bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam em cobrir ou deixar de cobrir suas vergonhas mais do que se preocupariam em mostrar o rosto.” “Parece-me gente de tal inocência que se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, eles tornariam logo cristãos, visto que não aparentam ter nem conhecer crença alguma. Portanto, se os degredados que vão ficar aqui aprenderem bem a sua fala e só entenderem não duvido que eles, de acordo com a santa intenção de Vossa Alteza, se tornem cristãos e passem a crer na nossa santa fé. Isso há de agradar a Nosso Senhor, porque  certamente essa gente é boa e de bela simplicidade.”

  “Essa terra Senhor, parece-me que, da ponta mais ao Sul até a outra ponta ao Norte, do que nós podemos observar deste porto, é tão grande que deve ter bem vinte ou vinte cinco léguas de costa. Ao longo do mar, têm, em algumas partes, grande barreiras, umas vermelhas e outras brancas, e a terra é toda chã e muito formosa. O sertão, nos pareceu, visto do mar, muito grande; porque a estender os olhos não podíamos ver senão terra e arvoredos-terra que nos pareceu muito extensa.” (trechos da carta de Pedro Vaz de Caminha a Dom Manuel I, rei de Portugal.)
  Saúdo com imenso júbilo a mesa diretora composta pelo diretor Frei Alberto Eckel Junior, o presidente Mateus de Oliveira e o secretário Odirlei Luiz Possa Fante. E nesse mesmo espírito jubiloso saúdo a todos vocês que se fazem aqui presentes.
  E para melhor compreensão de todos desejo dividir o meu raciocínio em dois tópicos:
- O chamado a metanóia e a conversão;
-Os biomas e os povos originários e a defesa destes pela Igreja.
  No ano de 1961, três padres responsáveis pela Caritas Brasileira pensaram em uma campanha, afim de tornar a instituição financeira autônoma. Nomearam-na Campanha Fraternidade. E foi realizada pela primeira vez na Quaresma de 1962 no Rio Grande do Norte, porém recebeu a aprovação do Pontífice no dia 20 de dezembro de 1964.
  E cinquenta e cinco anos após a campanha, aqui estamos, falando sobre esta que anualmente evoca as dificuldades de nossa nação.
  Este ano o tema que ela apresenta é: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa à vida”. E o lema: “ Cultivar e guardar a criação”(cf. Gn 2,15).
  A C.F.( Campanha da fraternidade) está em total comunhão com a Doutrina Social da Igreja e este ano sintonizada aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. E quer nos alertar especialmente sobre as dificuldades dos biomas de nosso país juntamente com os direitos dos povos originários.
  Em relação ao lema, o Papa Francisco ensina que “cultivar” significa lavrar ou trabalhar em terreno, “ guardar” quer dizer proteger, cuidar, preservar, zelar, velar.
  A C.F. 2017 está coligada a outras campanhas anteriores como:
(1988)- Fraternidade e o negro- Ouvir o clamor deste povo;
(2002)- Fraternidade e os povos indígenas - Por uma terra sem males;
(2016)- Casa Comum, nossa responsabilidade - Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca.
  Percebe-se que os avisos sobre os biomas e a defesa à vida não é algo novo, mas já há uma semente em nosso coração.
  A Quaresma despede-se do glória e do aleluia, e nos convida a despedirmo-nos do supérfluo e voltarmos à sobriedade. Ou seja, propício à conversão e à metanóia (mudança de pensamento/ de vida). A própria campanha nos auxilia em que mudar.
  Ela nos mostra os abusos que estamos fazendo com o solo, nosso consumismo, a cultura do descarte e os preconceitos étnicos. Ela nos abre os olhos.
  As propostas da C.F. incluem:
- Despertar a beleza e a necessidade dos cuidados dos biomas;
-Aprimorar em todos os biomas o monitoramento por satélite, com os objetivos de desenvolver políticas de combate ao desmatamento e demais ações predatórias;
-Fortalecer a ecologia integral;
-Incentivar a criação de um Projeto de Lei que impeça o uso de agrotóxicos;
-Celebrar as vitórias acontecidas em termos de demarcação dos territórios dos povos  originários, recuperação de rios, avanço no aumento de cooperativas de reciclagem, avanço na consciência.
  Quais são os biomas? Quem são os povos originários? Entro no meu segundo tópico: Os biomas e os povos originários e a defesa destes pela Igreja.
  “Bio” vem do grego e significa vida, “oma” é sufixo também do grego e significa “massa, grupo ou estrutura”. Como diria Dom Leonardo Ulrich (Secretário Geral da C.N.B.B): “ Bioma quer dizer vida que se manifesta em conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais.”
  O Brasil possui 6 biomas oficiais: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e os Pampas. Existe ainda uma tese que afirma que há mais dois biomas: os manguezais e um bioma marinho.
  As Sagradas Escrituras não se preocupam em falar sobre os biomas, mas as duas narrações da criação nos mostram uma íntima dependência, não só do seu Criador, mas uns dos outros.
  Os biomas têm algumas semelhanças. Uma delas é abrigar certos povos, tais como grupos Quilombolas, Caiçaras, Ribeirinhos, Timbira, Karajá, Guarani, Guató e outros.
  Suas terras estão sendo ameaçadas, suas comunidades estão diminuindo, vários grupos extinguiram.
  Para estes povos, a terra não é só um lugar para construir suas moradias, mas um local de extrema espiritualidade e de carga emocional pela ancestralidade. Ali era onde seu povo habitou, fez história. E negá-los a terra que os pertencem é fazê-los negar suas origens. O lar é onde nos refugiamos, buscamos proteção, e ainda, para eles, é onde se tira o sustento.
  O grito da terra se mistura ao deles e nos pedem misericórdia.
  No mundo, há diversas pessoas com diferentes chamados. Assim é com a terra. Não se pode negar a Amazônia o seu chamado a ser mata. Posso negar a vocação dos Pampas para pecuária, ou negar o chamado da Mata Atlântica repleta de biodiversidade plantando algodão, café e cana-de-açúcar, erros que foram feitos ao longo da história? Não. Todos nós temos uma vocação, a terra também.
  No dia 26 de abril de 1500, foi celebrada na então Terra de Vera Cruz, a primeira missa presidida pelo Frade Henrique de Coimbra.
  Mais de cinco séculos após a chegada dos portugueses, a nação agora chamada de República  Federativa do Brasil, é o país com o maior índice de católicos no mundo, então é perceptível o agir da Igreja Romana nessa terra, como nas festas de São João para os nordestinos; as romarias para o povo do Sudeste; os trabalhos missionários no Bioma Amazônia e muitas outras obras em diferentes partes do Brasil.
A Igreja no ramo da ecologia é recente e foi iniciado por Paulo VI na comemoração dos 80 anos da encíclica Rerum Novarum (do Papa Leão XIII). Inicia-se neste documento a reflexão do Magistério sobre a ecologia.
  Os seus sucessores não pararam a reflexão e continuaram a mover a Igreja e o mundo com suas indagações e propostas.
  Nessa mesma linha, um dos efeitos de João Paulo II, foi apontar a dependência mútua das criaturas.
  Bento XVI, também chamado de “Papa verde”, retomou e consolidou as relações entre a “ecologia da natureza”, “ecologia humana” e “ecologia social.”
  O Papa Francisco percebeu que era chegada a hora de um documento oficial da Igreja sobre ecologia, elaborando a “Laudato’si.” Para Francisco, a palavra-chave sobre a ecologia e a criação é “harmonia.”
  A consciência impulsiona as atitudes. Portanto, as pequenas obras podem nos conduzir a uma vida mais harmônica com as demais criaturas. Assim como São Francisco busquemos a valorização do humano, evitemos os desperdícios e nos eduquemos a uma de unidade.
  Para encerrar, deixo uma reflexão do Papa Francisco na sua exortação apostólica Evangelli Gaudium:
  "Nós, os seres humanos, não somos meramente beneficiários, mas guardiões de outras criaturas. Pela nossa realidade corpórea, Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo que nos rodeia, que a deserticação é como uma doença para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação. Não deixemos que, à nossa passagem, fiquem sinais de destruição e de morte que afetem a nossa vida e das gerações futuras.”

  Tenho dito, muito obrigado pela atenção.


Agremiado 2°ano - Bruno Dias de Deus

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