26 junho, 2014

Discurso sobre "Santo Antônio"

No dia 15 de junho, às 19h45, os seminaristas se reuniram no Espaço Cultural São Francisco, para a Sessão Solene do Grêmio Literário que celebrava seu patrono: Santo Antônio. O orador da noite, Vinícius Fabreau, discorreu sobre este popular santo, destacando suas características mais marcantes experimentadas já em vida. Confira o discurso:


Saúdo a Mesa Diretora composta pelo diretor, Frei Rodrigo da Silva Santos; pelo presidente, Gabriel Luiz Martinelli; pelo secretário, Odilon Voss. Saúdo com estima, aos agremiados do presente e recordo os agremiados do passado que construíram esta agremiação, assim como o nosso professor de Retórica, Frei Marcos Estevam de Melo. Saúdo ainda os demais seminaristas presentes.

Antes de mais nada, gostaria de dedicar este discurso ao meu avô paterno, Alfredo Antônio Fabreau, que teria completado 98 anos, no dia treze de junho.

A sabedoria popular consagrou diversos homens e mulheres em arquétipos, isto é, modelos de vida. Assim aconteceu com o filho de Fernando Martins Afonso de Bulhões e Maria Tavereira, onze meses após a sua morte, na Catedral de Espoleto, Itália.

Estamos falando de Santo Antônio, padroeiro desta agremiação literária.

Se o que tornou Santo Antônio mundialmente reconhecido como homem das letras foi a sua dedicação aos estudos, certamente, não foi esse o motivo que o tornou santo e até hoje, 783 anos após a sua morte, um dos santos mais invocados pelo povo.

Em primeiro lugar, vamos compreender quem é Santo Antônio. Nascido em Lisboa, em 1191. Ainda adolescente entrou para o Seminário dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho e logo pediu transferência para Coimbra, onde poderia aprofundar os seus estudos na Sagrada Escritura na cidade universitária, onde tornou-se professor. Foi também em Coimbra que encontra cinco frades franciscanos que estavam a caminho do Marrocos. A crise entre a Igreja e os prelados era muito grande.

Tempos depois, diante das relíquias dos primeiros mártires franciscanos, decide largar todo aquele aparato clerical para viver a simplicidade do evangelho na fraternidade e no anúncio do Reino de Deus.

Porém, na viagem, cai em febre na África, onde decide retornar à sua terra natal. O navio em que ele estava, acaba indo parar na Itália. Uma feliz coincidência: reuniam-se em Assis, mais de três mil frades para o Capítulo das Esteiras.

Após o Capítulo, vai ver no eremitério no cimo do Monte Paulo, como sacerdote, celebrava a missa aos confrades, mas faz outros serviços, como lavar pratos e cuidar da hora. Dedica longos períodos de oração em silêncio e recolhimento.

Na cidade de Forli, durante uma ordenação sacerdotal é convocado pelo superior a fazer a pregação. A partir daí ele começa a percorrer as estradas anunciando o evangelho.

Torna-se, então, o que muitos anos mais tarde será chamado como Santo Antônio: doce consolador dos pobres, que é o tema deste discurso.

Para melhor compreendermos, o tema será dividido em três partes:
- a oratória,
- o testemunho
- o legado antoniano.

No tempo de Frei Antônio, a pobreza era crescente: a passagem de uma sociedade feudal para a burguesia trouxe muitos problemas.

Formaram-se as cidades, onde a pobreza era maior do que no campo. Os pobres eram explorados e sofriam de muitas doenças.

Santo Antônio não se dedicou a obras caritativas e assistencialistas. Ele utilizou do poder de sua palavra para atacar a raiz da pobreza: o egoísmo dos ricos e a exploração dos operários.

A arte de falar em público pode ser uma atividade de exaltação do eu. Porém, Antônio foi um orador religioso e atento aos problemas da comunidade.

Apesar de não fazer parte de uma ONG, Antônio realizava pequenos gestos que mostravam a sua vontade de ajudar os pobres de Cristo.

Conta a história, que comovido com a situação dos pobres, Frei Antônio havia distribuído todo o pão do refeitório do convento. Quando chegou a hora da refeição, o frade padeiro ficou desesperado por não ter nenhum pão para alimentar os frades. Foi comunicar a Antônio, que pediu que retornasse à cozinha e verificasse o cesto. Em seguida, o frade voltou com a notícia que o cesto estava transbordando de tanto pão. Este pão alimentou os frades e todos os mendigos que vieram pedir ajuda ao convento.

A defesa de Santo Antônio foi tão eficaz, que no dia 15 de março de 1231, ano de sua morte, ele conseguiu a promulgação de uma lei em favor dos pobres de Cristo.

Aos 15 de março de 1231, o governo de Pádua promulgou uma lei nova nos seguintes termos: "A pedido do venerável irmão Antônio, confessor da Ordem dos Frades Menores, para o futuro, nenhum devedor ou fiador poderá ser privado pessoalmente de sua liberdade, quando ele se tornar insolvente. Somente suas posses poderão ser apreendidas neste caso, não porém sua pessoa e sua liberdade".

Com esta lei, Frei Antônio conseguiu salvar a dignidade dos pobres.

Acabamos de ouvir três relatos de três características diferentes de Santo Antônio: orador atuante, religioso místico e frade preocupado.

O que tudo isso tem a dizer a nós, agremiados do Grêmio Literário Santo Antônio? Ou candidatos à vida religiosa franciscana?

Certamente, Santo Antônio nos inspira grande ideais de simplicidade e cuidado com aqueles que nos cercam. Porém, nada disso teria acontecido, se não fosse por aquele a quem Santo Antônio decidiu, ainda em Lisboa, dedicar a sua vida: Jesus Cristo.

Três meses após a promulgação da lei em favor dos pobres, num quartinho das clarissas franciscanas, encontra-se definitivamente com Deus.

E diz: "Gloriosa Senhora, sobre as estrelas exaltada, alimentaste em teu seio Aquele que te criou". Não existiria melhor maneira de encerrar este discurso.

Santo Antônio, rogai por nós!
Até a próxima. Paz e bem!

Por Vinícius de Menezes Fabreau, seminarista do 3º ano.

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