19 agosto, 2014

Discurso sobre a "Filosofia"

Na 18ª sessão do Grêmio Literário Santo Antônio, o tema abordado foi a "Filosofia e sua importância". O orador da noite, Gabriel Luiz Geremia, discursou acerca do tema com desenvoltura, apresentando uma peça bem construída. Confira!


"Não se aprende a filosofia, mas a filosofar".
(Immanuel Kant)

Saúdo com grande alegria a Mesa Diretora composta pelo diretor, Frei Rodrigo da Silva Santos; pelo presidente, Gabriel Luiz Martinelli; e pelo secretário, Odilon Voss. E estendo também minhas cordiais saudações a todos os agremiados, seminaristas e aspirantes que se fazem presentes nesta noite, além do Frei Marcos Estevam de Melo e Frei Elias Dalla Rosa.

Falar-vos-ei nesta noite, sobre um assunto que está sempre conosco, em nosso estudo, em nossas compras e até mesmo, em nosso processo formativo: a filosofia. Motivei-me a tratar sobre este tema porque o admiro muito e também porque está em nosso meio. Também venho abrir nossos horizontes para que todos possam conhecer um pouco mais sobre o papel e importância da filosofia.

Para ter uma melhor compreensão de minha prédica, dividirei-a em apenas duas partes:
- a filosofia na história e a história da filosofia
- filosofia da religião.

Este discurso que vos apresento fundamenta-se no livro "Manual da Iniciação à Filosofia", de Affonso Henrique Vieira da Costa e conta com a colaboração do aspirante Jonas Ribeiro da Silva.

A filosofia é a base racional da raça humana. A sua utilidade é a de fazer com que nós pensemos e discutamos qual é o sentido das coisas e suas utilidades. Os grandes da sociedade não nos permitem ir ao encontro de nossos questionamentos, pois o não-questionamento leva a uma alienação, e uma fácil manipulação. O papel preponderante da filosofia é o de libertar o homem das amarras da falta de sentido.

E tudo isso começou com Sócrates, o pai da filosofia, que propôs um modo de pensar que libertasse o povo de seus percalços sociais e humanos. Esse método, que é popularmente conhecido por "ironia" ou "maiêutica". Este método fazia a pessoa a se questionar, partindo de um diálogo. Ao se travar o diálogo, preciso estar ciente de que, ora eu falo e exponho meu pensamento crítico a respeito de determinado assunto, ora sou confrontado por meu interlocutor, diante do pensamento exposto. O diálogo, por si só, deve gerar crescimento em ambas as partes.

Por essa grande influência, exercida na sociedade no seu tempo, tramaram calar sua voz. Fato este que podemos perceber nos dias atuais, em pessoas que geram caminhos de respostas em nossos questionamentos.

Partindo de Sócrates, encontramos outros filósofos que tentaram com seus modos de pensar, encontrar caminhos para tentar melhorar a vida de seus concidadãos. Levando a uma reflexão que lhes permite argumentar e encontrar soluções antes não vistas. Quando nos permitimos ser questionados em além daquilo que vemos no horizonte, e isso faz com que o confronto pessoal e interpessoal nos permita crescer.

Nós vivemos sem nos questionar? Nós somos abertos aos questionamentos? Vale a pena refletir sobre a efemeridade de nossa existência? Quem é o homem?

Busquei falar sobre a Filosofia da Religião, pois ela está incluída em nosso processo formativo. Antes de adentrar-me neste tópico, faz-se necessário tomar o conhecimento do sentido etimológico da palavra religião, que vem da língua latina "religare", que quer dizer "religar".

O homem de todos os tempos, sente falta de algo ou alguém que o transcenda. O papel da filosofia, da religião, é ser um caminho para fazer entender que a religião não deve oprimir o homem, mas o tornar humano ética e politicamente. Ou seja, valorizando a si mesmo, o meio onde se vive e o seu próximo. A filosofia da religião deve formar o homem e conscientizá-lo de que ele é um ser político, capaz de assumir algumas responsabilidades perante a sociedade.

Entretanto, precisamos entender que nem sempre nosso modo de pensar será aceito por outrem. Um exemplo claro disso que temos, é de um exímio pensador, Karl Marx, que afirmou que a religião tornou-se ópio do povo.

Mas o que é o ópio, que ele afirma ser a religião? O ópio é uma droga que anestesia e impede a pessoa de fazer uso de sua razão. Karl Marx associou a religião que oprime e impede o ser humano de usar sua razão de maneira saudável ao ópio.

Nos tempos modernos, falar de religião tornou-se coisa passada, pois o ser humano considera-se absoluto, ou seja, ele é o seu próprio criador. Quando não encontramos mais soluções a nossos problemas, segundo o filósofo, criamos uma religião que responda aos nossos questionamentos.

O papel fundamental da filosofia da religião é livrar o homem da anestesia que o rodeia, levando a se tornar libertador dos outros. Ainda hoje, não é perceptível esta anestesia racional, frente a uma religião intimista?

Meus caros, espero que todos nós, a partir desta noite, nos permitamos conhecer-mo-os melhor e conhecer o próximo. E também, vamos nos aprofundar mais na filosofia, pois ela é a base de todos os nossos questionamentos, nossas dúvidas e pensamentos.

Para melhor findar minha prédica, lerei um pequeno texto de Isabele Weingärtner, intitulado "As três peneiras de Sócrates":

"Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava ser de seu interesse:
-- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
-- Espera um momento, disse Sócrates. Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
-- Três peneiras? Que queres dizer?
-- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres contar-me é verdade?
-- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
-- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
-- Devo confessar que não.
-- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
-- Útil? Na verdade, não.
-- Então, disse o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti. Assim aprendemos que toda a vez que vamos falar alguma coisa é importante que isso seja primeiro peneirado."

Por Gabriel Luiz Geremia, seminarista do 2º ano

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