24 junho, 2015

Discurso sobre a "Cerveja"

Na 15ª sessão do Grêmio Literário Santo Antônio, o orador da noite, Cledenir Bottesini, trouxe um tema de interesse mundial: a cerveja! Um tema curioso e divertido que aguçou a curiosidade dos ouvintes sobre a história desta popular bebida.


"Não importa o banquete, mas sim as pessoas que comem contigo".

Saúdo com grande alegria e estima a Mesa Diretora e seus componentes, Diretor, Presidente e Secretário, sendo eles Frei Rodrigo da Silva Santos, Gabriel Isac Rodrigues da Silva e John Kelson Saraiva Pereira Alves, respectivamente. Da mesma forma, saúdo a todos os presentes: agremiados, seminaristas e demais frades presentes.

Antes de começar meu discurso, gostaria de dizer que o fiz com o intuito de trazer a vocês um pouco da história e algumas informações novas sobre o tema. Quero que fique claro que não trago no texto nenhuma apologia ou incentivo a nada.

Acho que a pergunta que deve estar na cabeça de vocês agora deve ser a seguinte: qual é esse tema tão misterioso? É algo bem simples, mas que tecnicamente ninguém com menos de 18 anos deveria ter experimentado! Irei falar-lhes hoje sobre a cerveja.

Minha motivação provém de casa, como alguns sabem, meu pai é colecionador e senti interesse de trazer algumas informações que muitas vezes quem bebe ou bebeu não sabe.

Para ser melhor compreendido, irei dividir minha prédica em 4 tópicos, a saber:
- história;
- ingredientes;
- benefícios e malefícios da cerveja;
- algumas curiosidades.

A primeira pergunta a ser respondida é: como ela surgiu? Não se tem muita informação sobre isso. Há várias histórias e lendas sobre isso, mas nada muito concreto. A que me pareceu mais coerentes foi a seguinte:

Um agricultor, produtor de trigo, amontoou sua colheita no meio de sua lavoura, mas, antes mesmo de ter tempo para guardar, uma tempestade caiu sobre o trigo. Crente que teria perdido toda a colheita, ele deixou tudo lá por um bom tempo. Quando resolveu voltar e recolher o que tinha deixado, notou que ainda havia água no meio da palha, uma água um pouco amarelada, mas para ele ainda era água! Depois de trabalhar muito, resolveu saciar sua sede aquele líquido fermentado e eis que a cerveja foi "descoberta". O agricultor percebeu que após beber daquilo, seus funcionários trabalhavam mais, melhor e um tanto eufóricos, então, começou a "produzir" o tal líquido para comércio...

O mais interessante é que esta pequena história data de aproximadamente 6.000 a.C.! Se é verdade, não se tem como afirmar, mas se sabe que a ideia de produzir a cerveja para o comércio deu certo, afinal, hoje em dia dá pra comprar cerveja em quase todos os bares! E, também, outro fator que comprova a veracidade da história é o fato de que até no Código de Hamurabi ela é citada!

Como a cerveja fez tanto sucesso, ela era usada como forma de pagamento, como se fosse um salário. No Código, foi estabelecida uma fração diária da bebida para cada pessoa, variando conforme o trabalho que ela desempenhava: 2 litros para os trabalhadores, 3 para os funcionários públicos e 5 para os administradores e o sumo-sacerdote.

Mas o Código não garantia apenas direitos. Nele, se condena à morte quem não respeitasse os critérios de produção da cerveja desde a fabricação, comercialização e consumo. Ele também impunha punições severas para os taberneiros que tentassem enganar seus clientes.

Posteriormente, no Egito, a cerveja, segundo o escritor grego Ateneu de Naucratis (que viveu no século 3 d.C.), teria sido inventada para ajudar a quem não tinha como pagar o vinho, que era e ainda é apreciado, geralmente, como uma bebida da classe alta. Ou seja, desde aquela época a cerveja já era mais popular do que outras bebidas como hoje que ela é consumida em menor quantidade apenas em relação à água e o chá no mundo.

Relembrando um pouco da Feira de Conhecimentos, não sei se todos pesquisaram sobre a evolução dos meios de comunicação, mas já ouviram falar do pombo-correio? Pois bem, o inventor dessa técnica de troca de mensagens por meio de pássaros, foi o faraó egípcio Ramsés III (que viveu entre 1184 a 1153 a.C.). Além de inventar uma forma nova de troca de mensagens, ele também era conhecido como o "faraó cervejeiro", após doar aos sacerdotes do Templo de Amon cerca de um milhão de litros de cerveja provenientes de suas cervejarias.

Enfim, como ele tinha as receitas e a maneira de envia-las de modo seguro a seus amigos, a cerveja se espalhou pelo mundo. Nesse espalhar-se, uma cidade em especial ganhou destaque: Munique, por ter uma excelente água, ingrediente fundamental da cerveja. Logo, se a água era boa e as receitas também, Munique ganhou esse título e nome, afinal Munique significa "terra dos monges", que são excelentes fabricantes de cerveja...

Bom, como já citei um dos ingredientes fundamentais da cerveja, pergunto: alguém sabe quais são todos os ingredientes?

Como já disse, o primeiro é a água. Depois, uma fonte de amido, ou seja, o malte de cevada, transformado em açúcar que, quando fermentado, torna-se o álcool. Também é necessária a levedura para produzir a fermentação. E, por último, o lúpulo. Só isso?

A princípio sim, isso é o necessário para fazer uma autêntica cerveja. Mas, hoje em dia, já é possível incrementar a cerveja acrescentando outros sabores à velha e amarga cerveja. Podem ser adicionados sabores como menta, abacaxi, banana, morango, tequila e por aí vai...

Resumindo, hoje em dia, com a presença de várias receitas, cada uma com uma característica toda própria, há cervejas para todos os gostos e paladares.

Por ser tão fácil de ser adquirida e se adaptar bem ao gosto e paladar das pessoas, muita gente não tem consciência dos resultados que a ingestão desta bebida podem ter!

Para ser melhor compreendido, preferi começar pela parte mais conhecida, os malefícios da cerveja. Como todos sabem, o distúrbio ou doença mais associada a bebidas alcoólicas é o alcoolismo, que chega a atingir 60% das pessoas que bebem, mas que muitas vezes nem percebem ou nem sabem que estão desenvolvendo tal doença.

Outro fator bastante negativo associado às bebidas é algo que uma lei, bastante atual até, vem tentando romper: álcool e direção. Em cerca de 25% dos acidentes de carro, os motoristas assumiram ter ingerido algum tipo de bebida alcoólica (dados de 2013).

Outra prática que pode causar seríssimos danos ao organismo é o uso da cerveja no tratamento de certas enfermidades, como amarelão e cálculos renais.

Mas, deixando de lado os malefícios, vamos à parte, talvez, mais interessante: os benefícios da cerveja.

Quando ingerida em doses moderadas, ela é capaz de muitas coisas, desde rejuvenescer-nos até prevenir doenças cardíacas. Tais fatos foram comprovados pelo epidemiologista Carl Seltzer, em 1972 na Universidade de Harvard. Ele constatou também que a cerveja, ressalto novamente, quando ingerida moderadamente, é capaz de aumentar o HDL, o "colesterol bom" em nosso organismo, auxiliando assim na prevenção de derrames e infartos.

Outros estudiosos também constataram que ela aumenta os níveis de glicerina, ou seja, "reforça e melhora a pele e cabelos. Bem como todas as bebidas alcoólicas, ela também proporciona a quem bebe uma ótima sensação de relaxamento e tranquilidade, mas que pode facilmente tornar-se um vício a partir do momento em que a pessoa não consegue viver sem isso!

Portanto, como qualquer outro tipo de alimento ou bebida, ela pode ser benéfica ou não, dependendo da quantidade que é consumida. Como diz o ditado popular: tudo o que é demais faz mal! E, dando continuidade, trago a vocês algumas curiosidades, talvez estranhas e desconhecidas.

De uma maneira bem simples e sucinta, a primeira curiosidade não deixa de ser um malefício: a cenosilliacaphobia, é o medo de ficar com o copo vazio!

Como já falei, Munique é a terra dos monges, os grandes produtores de cerveja. Para amenizar o rigor quaresmal, eles inventaram o "pão-líquido". Conta a lenda que um papa não achou aquilo bom e quis saber o que era isso que aqueles monges bebiam na Quaresma. Foram-lhe enviados barris, mas a viagem era longa e a cerveja estragou-se. Quando a provou, o papa terá dito que se era aquilo que os beneditinos de Munique consumiam na Quaresma, bem podiam continuar a fazê-lo, se a sua capacidade de penitência chegava a esse ponto. E os monges aceitaram de bom grado carregar essa cruz.

Continuando com esse cunho um tanto religioso, até um santo padroeiro os "cervejeiros" de plantão têm: Santo Arnaldo. Mas eis a pergunta, porque ele ganhou esse título? Primeiro que, em seus sermões, ele sempre aconselhava as pessoas a preferirem a cerveja antes da água. Pode parecer errado, mas ele viveu por volta dos anos 580 a 640 d.C., época esta em que as medidas de higiene eram precárias e, como a cerveja é uma bebida fermentada, boa parte dos microorganismos eram eliminados.

Mas, não é só por isso que ele é aclamado santo e padroeiro. Em 641, durante a transladação de seu corpo, as pessoas que transportavam o santo pararam junto a uma taberna para descansar. Mas, a taberna havia ficado sem estoque, restando apenas uma única caneca de cerveja. Eis que o milagre aconteceu: a caneca nunca ficava vazia, não importando a quantia que as pessoas bebessem... Aconteceu em Champignuelles, França.

Bom, de forma bem sucinta, o conteúdo que achei mais interessante para trazer-vos é este. Mas, para quem sentir-se interessado, deixo minhas fontes: brasilescola.com; clubbieer.com; saintarnoldbrewing.com e mhm.com.

Infelizmente, não tenho um modus procedendi para deixar-vos, afinal a maioria aqui é menor de idade! Mas, deixo o meu apoio para quando puderem, experimentem a cerveja e seus derivados como o ovo de páscoa e sorvete de cerveja!

E, para encerrar minha prédica, deixo-vos uma frase do próprio padroeiro da cerveja:


"Do suor do homem e do amor de Deus, veio a cerveja ao mundo". (Santo Arnaldo).

Por Cledenir Bottesini, seminarista do 3º ano.

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