26 maio, 2014

Discurso sobre "Maria, exemplo de mulher"

Na 13ª Sessão do Grêmio Literário Santo Antônio, o orador da noite, Cledenir Bottesini, tomou como tema para seu discurso a humanidade de Maria e seu exemplo de simplicidade sempre atual. Confira seu discurso:


"Todas as mulheres são poetas pela imaginação, anjos pela correção e diplomatas pelo espírito". (Gonzales)

Saúdo com grande alegria a mesa diretora composta pelo diretor, Frei Rodrigo da Silva Santos; o presidente, Gabriel Luiz Martinelli; e o secretário, Odilon Voss. Estendo minhas cordiais saudações a todos os agremiados e seminaristas aqui presentes, em especial ao nosso antigo professor de Retórica, Frei Marcos Estevam de Melo.

Neste mês de maio, tivemos uma emocionante data comemorativa, onde todos nós sentimos um forte aperto no coração ao lembrarmos de nossas mães. Vimos com a história da peça oratória do agremiado Arthur Emilio Holdefer, a coragem de uma mãe quando se trata de seu filho. Coragem a ponto de dar sua própria vida para salvá-lo.

Venho hoje, duas semanas depois, para falar-lhes sobre a mãe mais corajosa de todas. Que, na hora precisa, soube dizer "sim, a ponto de encontrar graça diante de Deus. E que, chorosa, aguentou firme ao ver a crucifixão de seu próprio filho. Venho, hoje, falar-lhes sobre ela, Maria, que, como todas as outras, é mãe, e a ela também este mês é dedicado.

Para uma melhor compreensão de minha prédica, irei dividi-la em 3 tópicos, a saber:
- um dia na vida de Maria;
- as quatro fotografias de Maria;
- Maria nos dias de hoje.

Bom... como todas as mulheres e boas esposas de Nazaré, Maria desperta cedinho, ao clarear do dia. Junto com José e Jesus. Sua casa era pequena e simples, de um cômodo só, feita de barro ou de pedras, coberta de lages.

Após levantar-se, veste sua túnica, põe um cinto, sandálias nos pés e véu na cabeça. Mesmo sem ter tomado café, começa a dobrar as esteiras onde haviam dormido; varre a casa e limpa os utensílios domésticos: baú, potes, bacias, vasilhas... Enquanto isso, José e Jesus recitavam as orações da manhã.

Depois de um mísero café, Maria começa os trabalhos de casa: fia a lã, tece, remenda, costura, lava a roupa da família e, já pensando no almoço, busca água na fonte, ponto de encontro das mulheres. Voltando para casa, prepara o pão, que é o alimento principal, de cevada, raramente de trigo. Antes, mói o grão com duas pedras, faz a massa e põe o levedo; enfim, cozinha-o sobre uma placa de argila, num forno de pedras, do lado de fora da casa. Além de cozinhar, ela cuida de seu filho, que brinca com outras crianças, talvez seus irmãos e irmãs.

Depois de toda essa trabalheira, ainda tem de ir para a roça. Em Nazaré, não havia profissões especializadas. José é "tekton", sem qualificação. Com Maria e o filho, trabalha também na terra. Cultivam cevada, trigo, oliveiras, figueiras, vinhas... Talvez tenham trabalhado como bóias frias.

Depois do horário de trabalho, volta para casa, prepara a janta, faz suas orações e vai para a cama descansar para fazer isso novamente no dia seguinte.

A partir desse resumo da vivência de Maria, é perceptível quatro posturas, quatro fotografias de Maria: social, humana, religiosa e teológica.

Socialmente falando, por ser mulher, já era discriminada e tida como menor. Como todas as outras, ela foi uma mulher comum, não tinha prestígio ou qualquer importância social. Por toda a vida, foi companheira fiel e solícita de José. Tão nova, ela sabia dos incômodos da gravidez e dos cuidados de toda a mãe. Experimentou também as alegrias e "surpresas" do crescimento do filho. Com sua família, não viviam na Judeia, mas numa região considerada impura: a Galileia, Nazaré.

Ela era pobre economicamente. Esposa de um carpinteiro humilde. Ao dar à luz ao filho, não encontrou lugar na hospedaria e foi obrigada a depositar o recém nascido num cocho de animais. E para a purificação do menino, levou como oferta, dois pombinhos.

Por isso Maria também tinha uma fotografia humana. Era autônoma e livre, sabia enfrentar os conflitos, tinha coragem de assumir suas responsabilidades, como ter um filho e educá-lo. Mesmo com tão pesadas responsabilidades, era disposta, trabalhadora e que toma iniciativa ante os problemas. Tinha uma visão crítica da sociedade, conhecia as contradições entre poderosos e humildes, entre ricos e famintos.

E como a maioria das mães, Maria também tinha sua fotografia religiosa. Dava, sem condições e hesitações, sua fé a Deus e a palavra do filho, pondo-a em prática. Ela crescia no caminho da fé, enfrentando obscuridades e incompreensões, dúvidas e contradições, por causa do filho. Era essa a espada que lhe atravessava a alma. Mesmo com tamanhas dificuldades, escutava e aprofundava a Palavra no fundo do coração, sendo disponível e obediente a Deus, companheira fiel do filho em sua missão salvadora.

Ela anunciava a "revolução de Deus", a "revolução do amor" sobre os montes da Judeia. Realmente ela era uma mulher profética e libertadora. Mas, se tratando de Maria, não poderia faltar sua fotografia teológica. Maria, a mãe virginal do Senhor. Cumulada de graça e escolhida dentre todas as mulheres, para que nela se realizasse grandes coisas. Seu filho é o Filho do Altíssimo, o Rei Eterno, o Cristo e Salvador, e ela é a "ghebirah", a Rainha-Mãe. Sua virgindade fecunda assinala a "nova criação", que nasce, não da força do homem, mas do Espírito de Deus. É ela a mais exaltada dentre todas as mulheres. De um modo não pejorativo, é realmente uma beata, uma bem-aventurada, feliz por ter acreditado.

É..., Maria apesar de tantas fotografias, foi apenas uma!!! A doce e virgem Maria. Será? Acho que não. Ainda nos dias de hoje, é possível perceber a figura de Maria, mas para demonstrar isso, não preciso e nem tenho o que falar!!! Simplesmente peço que pensem em suas mães e perceberão nelas esse carisma mariano. Tenho certeza que, por menos que seja, todas as mães têm suas fotografias sociais, humanas, religiosas e, até mesmo teológicas. Mas... Mais certeza tenho que nossas mães podem ser baixas, gordas, altas, magras... mas são as mulheres mais lindas do mundo! E que sempre estão prontas a nos ajudar, seja lá no que for.

Bom... mudando um pouco o foco, nós, o que tiramos desses dados todos? Alguns mais, outros menos, não importa! O que realmente quero que guardem em seus corações é o sentido evangelizador, humilde, simples e disponível, expresso por Maria.

Assim, convidaria a cada um, espontaneamente, para que faça algo concreto a partir da imagem de Maria. Que seja algo simples: levar os pratos até a pia, arrumar a cama do outro, arrumar o guarda-roupas... não importa o fato, mas sim que o façam!

Melhor findando a prédica, citarei uma famosa frase do Papa Francisco: "Ide, sem medo, para servir!"

Tenho dito e muito obrigado...
Obrigado pela atenção e boa noite!

Por Cledenir Bottesini, seminarista do 2º ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário