"A oratória, das artes a mais bela.
Constrói fontes de inspiração.
Da tribuna surgem as metas.
Dos apelos da comunicação".
Saúdo com grande estima, nervosismo e alegria, a mesa diretora composta pelo diretor, Frei Rodrigo da Silva Santos; presidente, Gustavo Antônio Gomes Ferreira; e o secretário, Ítalo Viggiani Santos. Estendo, também, minhas cordiais saudações aos meus colegas neoagremiados; ao nosso professor de retórica, Frei Marcos Estevam de Melo, e a todos os demais agremiados aqui presentes.
Posto-me diante de vocês, neste solene dia de nossa agremiação, de certa forma "roubando" o exórdio da agremiação do ano passado. Mas, diferente deles, venho hoje falar-lhes sobre o terceiro verso da segunda estrofe do hino do Grêmio Literário Santo Antônio: "Da tribuna surgem as metas", dando ênfase à tribuna.
Esta tribuna que hoje galgo, muitos outros já a galgaram para proferir suas palavras ao longo de mais de 80 anos de história, entre os quais gostaria de citar:
- Frei Constâncio Nogara, ex-reitor da Universidade São Francisco, já falecido e grande orador.
- Frei Albino Kups, grande professor de língua portuguesa e literatura, também falecido. Formador de tantos frades ilustres desta Província como Dom Severino Clasen, atual bispo de Caçador; e o bispo auxiliar de Brasília, Dom Leonardo Steiner, grandes oradores.
- Frei Walter de Carvalho Junior, atual secretário da Província e também professor de português e literatura.
- Frei Fidêncio Vanboemmel, nosso atual provincial.
- Frei César Külkamp, o secretário da formação e estudos da Província.
- E, mais próximo de nós, Frei Anselmo Julio München.
Por essa grande e bela história, em que tantos já vieram e ainda virão ao local onde estou, foi a motivação que tive para falar-lhes, hoje, sobre a tribuna. Tomei como objetivo discorrer mais sobre este objeto que causa tanto medo em tantos homens, até mesmo em grandes e famosos frades, já citados anteriormente.
Para isso, dividirei minha prédica em três tópicos, que são:
- Tribuna e seus significados;
- Nosso patrono;
- Segredo H.
Tribuna é um elemento arquitetônico que pode conter diversos sentidos:
Na Igreja, a tribuna é constituída por sacadas que se abrem do segundo piso para o interior da nave de uma igreja e servia para que personalidades ilustres assistissem ao culto sem entrar em contato com a plebe. O lugar de onde falam os oradores, também é chamado de púlpito.
Em estádios, a tribuna, também conhecida como arquibancada, é uma plataforma em forma de escadas para possibilitar uma visão melhor dos espectadores para o espetáculo de esporte.
Tribuna, desde a Antiguidade, é também uma plataforma elevada, geralmente com assentos reservados, de onde assistem pessoas com maiores responsabilidades ao espetáculo e falam os oradores em debates parlamentares, cerimônias, conferências, entre outras.
Neste sentido, o termo "palanque" designa o lugar destacado e reservado, geralmente um pouco acima do nível dos demais espectadores, de onde um ou mais palestrantes se apresentam.
A tribuna tem três principais significados:
- Lugar onde falam os oradores: "estrado". Ex.: O promotor usou a tribuna para falar.
- Lugar reservado a convidados ilustres: "tribuna de honra". Ex.: O presidente ocupou a tribuna de honra.
- Capacidade de se expressar em público: "eloquência, oratória". Ex.: Fulano nasceu com o dom da tribuna.
Falando em dom da tribuna, aí vem o nosso patrono, nascido em Fortaleza, em 1909, Dom Hélder Câmara. Ainda jovem, aos 14 anos, entrou no Seminário da Paraíba de São José, para cursar Filosofia e Teologia. Em 1931, com 22 anos, ordenou-se sacerdote. Logo em seguida, passou a exercer o cargo de diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará. Ali trabalhou por cinco anos, até ser transferido para o Rio de Janeiro.
Foi no Rio de Janeiro que desenvolveu algumas de suas principais obras sociais. Fundou a Cruzada São Sebastião, que era destinada a atender favelados. Fundou também o Banco da Providência, que ajudava famílias pobres. Dom Hélder colaborou com revistas católicas, além de exercer funções na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro e no Conselho Nacional de Educação.
Em 1946, recebeu um convite para ser assessor do arcebispo do Rio de Janeiro, e em 20 de abril de 1952, foi ordenado bispo, com apenas 43 anos de idade. Ele foi o responsável pela fundação do Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que o elegeu Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro.
Ficou bastante conhecido por ter se tornado um líder contra o autoritarismo e os abusos aos direitos humanos praticados pela ditadura militar. Em 1970, fez um pronunciamento em Paris, denunciando a prática de tortura a presos políticos no Brasil, aproveitando-se da importância crescente que passava a ter. Dois anos depois, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz.
Dom Hélder participou da campanha pelas "Diretas Já". E realizou debates e palestras de conscientização para a cidadania em todo o país. Além disso, deixou registrado o seu pensamento em diversos livros, que foram traduzidos para diversas línguas.
Ele também, exerceu destaque no Concílio Ecumênico Vaticano II, criando e assinando o pacto das catacumbas, movimento que marcou profundamente a Teologia da Libertação.
Depois de tantos feitos, Dom Hélder faleceu em 1999, vítima de uma parada cardíaca.
E, agora, chegou a hora mais esperada por mim e pelos meus colegas. O Segredo H, que até agora nosso professor de Retórica não faz ideia do que vai acontecer. Para que esse segredo se realize, convido meus colegas para que venham até a frente.
(Os neoagremiados fazem uma pequena, mas bela homenagem ao seu professor de Retórica, Frei Melo).
Bom, depois dessa singela homenagem, agradeço a todos os que nos ajudaram a estar aqui, nos agremiando neste dia. Faço sinceros votos que todos nós cresçamos mais na arte da oratória, não só nós, neoagremiados, mas também os já agremiados do segundo e terceiro anos, que talvez nem galguem mais esta tribuna para nos dirigir suas palavras.
Sinceramente agradeço a todos e, para melhor finalizar minha prédica, citarei uma frase do nosso patrono, que muito me inspirou ao redigir este discurso:
"É graça divina começar bem. É graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca". (Dom Hélder Câmara).
Tenho dito e muito obrigado!
Por Cledenir Bottesini, seminarista do 1º ano.
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