08 novembro, 2013

Discurso sobre a Maçonaria


O agremiado Maicon Custódio, na 29ª Sessão do Grêmio Literário, escolheu como tema de seu discurso a Maçonaria. Um assunto que povoa a imaginação de muitos e que ajudou a esclarecer o papel desta Ordem no mundo Ocidental. Confira o texto na íntegra:

Saúdo com estima a mesa diretora deste centro acadêmico composta pela pessoa do diretor em exercício, Frei Marcos Estevam de Mello; o presidente, Gustavo Antônio Gomes Ferreira; o secretário, Ítalo Viggiane Santos, e estendo minha cordial saudação aos agremiados e seminaristas que se fazem presentes.

Há 300 anos, a elite política e cultural do Ocidente se reúne em salões fechados para participar de rituais cheios de códigos.

Grandes nomes como: George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos; Edgar Hoover, diretor da agência de espionagem norte-americana, FBI, por 45 anos; o presidente americano Franklin Delano Roosevelt; líderes da Revolução Francesa, como Jean-Paul Marat e La Fayette; o revolucionário italiano, Giuseppe Garibaldi; o articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrade e Silva e, assim como o duque de Caxias, patrono do exército e nosso presidente republicano, Marechal Deodoro da Fonseca. Esses são alguns dos maiores líderes políticos e militares da história Ocidental. Por isso, podemos afirmar que o mundo em que vivemos foi definido por uma sociedade secreta.

Galgo, hoje, esta tribuna para explanar sobre o compasso do mundo: a Ordem Maçônica.

Segundo o dicionário Ridel, da língua inglesa, a palavra maçon significa pedreiro. Já, segundo o dicionário Michaellis, da língua portuguesa, é um indivíduo que faz parte de uma associação antiga e secreta. Qual será a ligação dos dois significados da palavra maçon?

Motivei-me a falar sobre esse assunto por estar tão inserido em nossa sociedade, onde até eu não sabia de sua influência nas lutas de nossa era.

Tenho por objetivo levar todos à compreensão do que é a Ordem Maçônica.

Para melhor compreensão de minha prédica irei dividi-la em:
- como surgiu;
- ideias pelo mundo;
- rumos no Brasil.

Para a elaboração desta prédica, utilizei como fonte: a reportagem da revista Guia do Estudante e o site da Loja Maçônica Cayrú.

Há várias teorias de como se deu a criação da organização. A mais aceitável nos leva à Idade Média, onde o comércio era feito pelas guildas, que eram corporações de ofício que reuniam artesãos do mesmo ramo, como se fosse um sindicato.

Um grupo poderoso era os maçons, pedreiros, que eram responsáveis pela construção de catedrais e castelos, o que dava acesso aos reis e ao clero, e circulavam nos canteiros de obras e trocavam segredos de profissão.

Durante o período do Renascimento, os pedreiros ficaram na moda. Seus encontros passaram dos canteiros de obras à salões, chamados de lojas, que se localizavam em cima de bares das grandes cidades. Muitos nobres e intelectuais ingressaram nesta organização, influenciando debates de cunho filosófico e religioso.

Em três décadas de existência, a Maçonaria já havia sido espalhada por toda a Europa Ocidental, Índia, China e a América do Norte. A Ordem Maçônica passou a ser conhecida, respeitada e temida por todos, pois era difícil confiar em um grupo de pessoas poderosas, de diferentes áreas, reunido. A Igreja Católica irritou-se tanto que, em 1738, baixou um decreto papal atacando a ordem e perseguindo os membros, levando-os ao Tribunal da Santa Inquisição.

Algo que incomodava a sociedade civil era o sigilo dos maçons e o que mais perturbava era a atitude dos membros da Maçonaria por estarem sempre à frente de seu tempo. Abrindo um parênteses, setenta anos antes da Revolução Francesa, os valores de liberdade, fraternidade e igualdade já eram defendidos pelos membros da Ordem.

Muitos dos combatentes da Revolução Francesa aderiram à Maçonaria. A influência dela sobre a luta foi tanta que a música cantada na loja de Marselha, intitulada "A Marselha", se transformou no hino nacional da França. Mesmo quem não era membro da Ordem, havia sido influenciado por seus ideais.

Outra revolução é o caso da luta da unificação italiana, em 1810. A Maçonaria marcou presença. Os líderes da revolução tentaram estimular uma rebelião espontânea dos trabalhadores, onde implantariam os ideais liberais. Um grande combatente maçon foi Giuseppe Garibaldi que, em 1835, fugiu para o Rio de Janeiro. No Brasil, Garibaldi encontrou revolucionários italianos exilados que tinham contatos com as lojas do Brasil. Neste contato, Giuseppe conheceu o maçon líder da Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves.

A Maçonaria cresceu tanto que foi ponto fundamental para a independência dos países da América Latina. No Brasil, a Ordem Maçônica marcou presença desde o século XIX.

José Bonifácio de Andrade e Silva, grande articulador da Independência do Brasil; Eusébio de Queiroz, defensor do fim do tráfico de escravos; Visconde do Rio Branco, grande abolicionista; João Alfredo Corrêa de Oliveira, presidente do conselho dos ministros do tempo da abolição dos escravos; Marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da República. Esses nomes citados são de políticos brasileiros que lutavam por uma sociedade melhor e eram maçons.

Quando eu era pequeno, ouvi falar que a Maçonaria é a religião do diabo. Muitas pessoas acreditam nisso. Eu conheci um maçon, tinha medo dele, pensava que ele iria me matar e entregar minha alma ao demônio. No decorrer da prédica, ouvimos muito sobre a Ordem Maçônica e percebemos que esta não tem ligação nenhuma com o capeta...

Estimados ouvintes, o que vocês precisam guardar sobre a Maçonaria é: não é uma religião, mas é religiosa por reconhecer a existência de um princípio criador, o GAU, ou seja, o Grande Arquiteto do Universo; seu objetivo é a investigação da verdade e o bem universal e tem por princípios a liberdade, igualdade e fraternidade; por liberdade entende-se a liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam instituições, raças e nações; por igualdade entende-se os direitos e obrigações dos seres e grupos, sem distinguir a religião, raça e/ou nacionalidade; e, por fim, por fraternidade, entende-se pelo fato de todos sermos filhos do mesmo Criador.

Tenho dito e muito obrigado.

Por Maicon Custódio de Jesus da Silva, seminarista do 3º ano.

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