01 março, 2014

Formação para o cuidado do Povo de Deus: essa é nossa missão!


A formação para a vida franciscana e para o amadurecimento humano é a missão de nossa fraternidade. Desde que os jovens seminaristas chegam em nossa casa, tudo aquilo que lhes é proposto visa este objeto claro: eles estão aqui para serem formados para a vida, para amadurecer sua decisão de quem sabe um dia serem religiosos franciscanos. A partir deste propósito, nesta manhã, Frei Gilberto tem refletido com cada turma, em separado, sobre o que é a formação e aspectos que precisam ser trabalhados nesta etapa usando como texto-base a fala do Papa Francisco aos superiores das congregações religiosas.

Eis alguns trechos do texto:

“A formação de candidatos é fundamental. Há quatro pilares da formação: o espiritual, o intelectual, o comunitário e o apostólico. O fantasma que se deve combater é a imagem da vida religiosa entendida como um refúgio e consolo face a um mundo ‘externo’, difícil e complexo. Estes quatro pilares precisam estar integrados já desde o primeiro dia em que entram para o noviciado, e não devem ser estruturados de modo sequencial. Precisam ser interativos”.

“A cultura de hoje é muito mais rica e conflitiva do que aquela que vivemos em nossos dias, décadas atrás. Nossa cultura era mais simples e ordenada. Atualmente, a enculturação clama por uma atitude diferente. Por exemplo, não se resolvem os problemas simplesmente proibindo de se fazer isso ou aquilo. É necessário muito diálogo, muita confrontação. Para evitar problemas, em algumas casas de formação os jovens ficam calados, tentam não cometer erros evidentes, seguem as regras sorrindo, apenas esperando pelo dia em que lhes dirão: ‘Bom, terminaste a formação.’ Isso é a hipocrisia, fruto do clericalismo, que é um dos males mais terríveis. Já disse isto aos bispos do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) este ano [2013] no Rio de Janeiro: precisamos vencer esta propensão ao clericalismo em nossas casas de formação e em nossos seminários também. Resumo tudo isso com um conselho que certa vez recebi quando era jovem: ‘Se queres ir adiante, pense claramente e fale obscuramente.’ Era um convite claro à hipocrisia. Precisamos evitar isso a todo custo”. Com efeito, no Rio de Janeiro o papa identificou o clericalismo como uma das causas da “falta de maturidade e liberdade cristã” no Povo de Deus.

Disso, segue-se que “se o seminário for muito grande, precisa-se separá-lo em comunidades menores com formadores que estejam capacitados a acompanhar, verdadeiramente, aqueles de sua responsabilidade. O diálogo deve ser sério, sem medo, sincero. É importante lembrar que a linguagem dos jovens em formação, hoje, é diferente daquela do passado: estamos vivendo uma mudança epocal. A formação é uma obra de arte, não uma ação policialesca. Devemos formar o coração dos jovens. Do contrário, formaremos pequenos monstros. E então estes pequenos monstros formarão o Povo de Deus. Isso me dá arrepios”.

“Precisamos sempre pensar nos fiéis, no Povo fiel de Deus. É necessário formar pessoas que sejam testemunhos da ressurreição de Jesus. O formador tem que pensar que a pessoa em formação será chamada a cuidar do Povo de Deus. É necessário sempre pensar no Povo de Deus durante todo este processo. Pensemos nos religiosos que têm o coração tão ácido quanto o vinagre: eles não foram feitos para o povo. No final, não devemos formar administradores, gerentes, mas pais, irmãos, companheiros de viagem”.


Como se vê, o Papa Francisco, mais uma vez, com palavras acertadas descreve alguns dos riscos pelos quais o trabalho da formação deve estar atento, ajudando nossos seminaristas a encontrarem nossa finalidade no mundo: o testemunho sincero e transparente do Evangelho, uma verdade que nos realiza e não nos cria necessidade de usá-la como máscara para esconder outros interesses que não o cuidado e ação a favor do Povo de Deus.

Que este texto traga luzes à caminhada de nossos seminaristas, ajudando-os a progredir nas virtudes que eles já apresentam, e a se desviar de tentações as quais facilmente podem se ver submetidos. Que Deus esteja junto a eles neste processo!

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