27 março, 2014

Texto: "Café com Memorandos"


Segunda-feira. Treze de março. Treze horas. Treze memorandos. Treze cafés. Treze infelicidades.

Estou começando a pensar que o número treze me traz azar. Não que eu acredite nessas coisas. Só que em alguns momentos da vida, tudo faz sentido.

O trabalho sempre me trouxe prazer, por isso optei pela carreira administrativa. Nem médico, nem ator, nem professor, empresário. Com empenho estudei fora do país. E com mais empenho ainda montei uma empresa no meu país.

Ultimamente, a cabeça tem doído constantemente, a memória já não colabora como antes. Me sinto cansado, exausto, infeliz. Nunca nada está bom.

Na minha casa tudo parece normal, o café, o carro, as crianças, a sala, minha esposa, e até meu cachorro. Tudo é tão normal, que acaba tornando-se chato.

-- Boa tarde, doutor! O senhor está tão abatido! Se precisar, conte comigo. -- sorriu o porteiro do prédio.

Devo estar muito abatido mesmo, deve ser alguma doença. Não quero médico. Não quero hospital. Não quero sopas, nem agulhas. Chega de lamentação. Quero férias!

Voltei treze dias depois e, sobre a minha mesa: mais café e muitos mais memorandos.

Por Vinícius de Menezes Fabreau, seminarista do 3º ano.

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